Culpa tem remédio?
Quando criança sempre fui valentinha....caia da árvore, e escalava ela novamente só pra pegar a frutinha mais brilhosa do topo, odiava a rodinha de apoio da bicicleta, eu tirava e meu pai recolocava....vivia cheia de arranhões , meus joelhos eram esfolados e as unhas sujas...era pobre mas tão rica em criatividade, brincava o dia todo sozinha....era eu contra eu mesma jogando damas, ou competindo comigo no videogame...fazendo comidinha de verdade e dando pra eu mesma provar...gostava de estudar para as provas sobre o telhado de casa...vendo as pipas e decorando textos....vivia em meu mundinho fechado cheio de coisas divertidas, algumas realidades inventadas e não tinha medo da solidão...Durante a noite dormia entre os meus pais e mesmo que eu ficasse o tempo todo sozinha...naquele momento eu sabia que tinha alguém real ali....Sonhava em crescer ..morar sozinha e ser uma grande mulher com roupas elegantes cheia de glamour e independência.....entende...até em meus sonhos de criança nunca tinha alguém, sonhava em ser sempre sozinha...e hoje meu maior medo é estar sozinha..”namorei “ por muito tempo mas nunca tive um amor, nunca me chamaram de amor e talvez isso nunca aconteça,não tenho nada a comparar...minha única medição é o medo de deixar me matarem aos poucos de novo e me privar do direito a felicidade... ainda vivo em meu mundinho fechado mas agora realista e minha solução para fim de solidão é ter amigos homossexuais, sou tão preconceituosa que só quero eles por perto...é a única certeza que tenho de que não ficarei sozinha...é como dizem..”ter um amigo gay é ter um amigo pra vida toda” são os namoradinhos perfeitos....os que mimam, os que abraçam, os que perdoam, os que estão sempre presente, os que ligam pra falar “oi, to com saudade, vamos sair”, os que não me dão folga e me tiram do sono pq querem dançar e dançar e beber e rir muito...querem a alegria pra suprir qualquer ferida e cicatrizam as minhas porque “Quem gosta de passado é museu, então supere suas mágoas e seja uma mulher forte”....Levo em minhas costas a culpa de nunca amar e nunca ser amada mas a certeza de que nunca estarei sozinha.
Adê
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