segunda-feira, 20 de julho de 2009

Adeus ao Patinho Feio



Na pré-adolescência não entendia porque não podia dançar, e quando dançava era atrás da cortina, e mesmo sendo a menor da turma ficava atrás de todo mundo (tenho fotos incríveis de cortina).
Quando se é uma criança feia não tem noção da indiferença que se é tratado, com o tempo percebe-se “caramba tudo isso porque sou feia! Que mundo injusto!” então chega o momento de correr atrás do prejuízo e a linha de raciocínio perde as estribeiras, tentamos ficar igual a garotinha mais bonitinha do colégio, afinal ela é a mais querida porque tem grandes olhos azuis e longos cabelos enrolados... Nada que um permanente afro não resolva certo? Mas a genética não favorece em nada, a falta de forma, o dentinho separado, e um peitinho somente de um lado, deixa o resultado de um permanente afro ainda mais catastrófico... São as chamadas “Fezes da vida” em que toda pessoa tosca passa... Na esperança de ser aceito, topa-se de tudo e aprendemos a transformar algumas humilhações em grandes palhaçadas, porque o feio gente... o feio aprende a arte do improviso, a graça acaba sendo um meio de chamar a atenção, o feio não tem medo de fazer graça com as próprias bizarrices, não mede conseqüências, também porque não tem nada a perder.... É melhor ser a garota simpática que faz rir, o que não deixa de ser um modo singelo de dizer q a pessoa é feia, do que ser apenas a garota feia isolada e triste.... O lado bom de ser feio é que fazemos amigos de verdade, na maioria meninos porque servimos de cupido... O feio demora pra dar o primeiro beijo, meu primeiro beijo foi aos 14 anos, e o garoto ainda fingiu estar bêbado, coitado, será que me aproveitei dele? É nessa hora que o feio se aceita e se acomoda com a feiúra e nem se olha mais no espelho, do jeito que me levantava lavava o rosto e ia ao colégio, geralmente já dormia com a roupa por pura preguiça.
O feio é sempre o tapa buraco e pau pra toda obra, é sempre o escolhido para o mico do dia, seja numa experiência frustradora ou porque ninguém queria fazer aquele serviço, ou o que em trabalhos em grupo faz o trabalho sozinho.
Hoje sou uma versão menos feia da de antigamente, mas no fundo sempre serei a “verruga na teta” ou “a monstra” como diziam, mas tudo que sou e serei dependeu das angustias da minha feiúra, enquanto eu fazia aulas de pintura em pano de prato e azulejos com a terceira idade, chorava com a Thalia em todas as Marias, e passava as tardes assistindo Discovery Channel... as garotinhas bonitinhas que assistiam a banheira do Gugu estavam sonhando em ser a próxima garota da banheira com um cérebro de ostra... Hoje a grande maioria, engravidou cedo ou embarangou com o mesmo cérebro de ostra.... um tanto irônico

Um comentário:

Johnnÿ disse...

Pois é... no final, todos viraremos o mesmo pó, o que o que fica pro mundo é o que você fez de diferente por ele.
Mas não é qualquer charlatão da 25 de março que sabe reconhecer o verdadeiro valor de uma pedra preciosa; é preciso estar entre aqueles que sabem que você não é um patinho feio, e sim um cisne! E quem não é capaz de perceber isso, não merece seu tempo...